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VORACIDADES EM GERMINAL, UM ROMANCE HISTÓRICO DE ÉMILE ZOLA

Eu aqui sou nada mais do que um operário como qualquer um de vocês . Émile Zola   O Norte da França dos anos 1864 é o ambiente insalubre da escrita de Émile Zola, à época chamada de germinal, portanto, leia-se Germinal o título do seu livro como que convocando o calendário revolucionário francês.  Para chegar a tratar das condições de miserabilidade dos mineiros da região, nomeadamente na vila de Montsou, Zola, após abandonar seu trabalho editorial formal, foi viver nas casas cedidas pelas Companhias com os povos das minas de carvão para observar o que de revolucionário havia chegado à, então, classe trabalhadora e havia chegado mais trabalho e menos direitos.  Entretanto, com um trabalho jornalístico e histórico, Zola tomou a literatura como plataforma possível da exposição de uma estética e de uma ética de um tempo e de um espaço que parece não ser tão distante apesar de os séculos que nos separam serem poucos.  Sob as minas de carvão mineral, a descrição é de imagens de trabalho mal

O QUE HÁ DE DAOMÉ EM A MULHER REI E O INVERSO?

    Daomé é um pote perfurado, o rei é a água neste pote, como água que deveria ficar no pote, mas para isso ocorrer deve haver um grupo de pessoas dispostas a colocar seus dedos nos buracos para manter a água ali.   Isaac Adeagbo Akinjogbin (1967)   A epígrafe seria, em larga compreensão, uma referência coletada da tradição oral, descrevendo as formas inaugurais do estabelecimento de um novo Estado, partindo da saída de Dobagri-Donu de Aladá para organizar outra sociedade na altura do Golfo do Benin, que passava a acolher também refugiados de guerra de regiões próximas e da própria Costa, por onde eram enviadas as pessoas em processo de transação comercial, como pontuou Elisée Soumonni (2001) [1] . Então, o reino sendo o pote perfurado, a água sendo o rei e os grupos de pessoas sustentando a força ali contida era a imagem da fundação de Daomé, atual República do Benin, de modo a garantir um tipo de devoção ao rei, que deveria ter o seu reinado mantido com pagamento de trib

Jinga de Angola: a rainha guerreira da África

  HEYWOOD, Linda M. Jinga de Angola : a rainha guerreira da África. Tradução de Pedro Maia Soares. São Paulo: Todavia, 2019.   A autora do livro trabalhado é a professora da do livro Linda M. Heywood é professora da Universidade de Boston, Massachusetts (EUA), tendo seu estudo voltado para a História da África e Diáspora Africana que deu origem à sua pesquisa de doutorado em História Africana pela Universidade de Columbia. Possui trabalho na área dos estudos africanos na África e na diáspora, que cimenta sua carreira em Universidade como em Cleveland e Howard. Sua vasta experiência em diversas plataformas marca sua vida profissional e acadêmica.  Partindo dessa proposta trazida por Linda M. Heywood, o estudo foi direcionado para a leitura, discussão e registro da Introdução e do 1. Capítulo - O reino de Ndongo e a invasão portuguesa - do livro Jinga de Angola : a rainha guerreira da África. Quanto à estrutura, a escrita está disposta em tópicos, organizando relatos, fatos e arg

As sacerdotisas do culto à Dangbeno reino de Uidá

LARANJEIRA, Lia Dias. As sacerdotisas do culto à  Dangbe no reino de  Uidá : um estudo da literatura de viagem europeia (século XVIII).  Métis  (UCS),  v. 10, p. 99-116, 2011. A autora do texto é professora do  Instituto de Humanidades e Letras da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB)  e é pesquisadora de culturas afro-brasileiras e africana s , sobretudo de  aspectos  religios o s african o s na Costa da Mina sobre as quais  também  traçou sua caminhada acadêmica do doutorado em História Social pela  Universidade de São Paulo ( USP ) , do mestrado em Estudos Étnicos e Africanos pela  Universidade Federal da Bahia ( UFBA )  e do bacharelado em Ciências Sociais com habilitação em Antropologia pela mesma  I nstituição, sempre considerando as contribuições  antropológicas  no   âmbito da história, da arte e da cultura.  O artigo é um recor te  dos estudos realizados durante o doutorado  sobre  parte da narrativa de três viajantes europeus do século